domingo, março 18, 2007
Dia de coca-cola
Ainda sem, do correr do tempo, a noção, ia eu de galochas para a preparatória, a assobiar, a balouçar, quinze minutos a dar á perna e a comer chicletes.
Um edifício descartável, provisório, implantado num lamaçal esperava-me e a muitos outros para dias de nariz perturbado, disposição agoniada. Uma fábrica de transformação de ossos, de muros gigantes em granito escurecido ladeava a nossa escola de cartão..
O resto da envolvente era não mais do que terrenos baldios, riachos raquíticos e histórias de perigo e aventuras. No interior das vedações, o chão em terra dissolvida em água dispunha a oportunidade do jogo do berlinde, corridas aos trambolhões, revelava sapos cuja sorte seria a de fumar até á morte e garantia um regresso a casa salpicado de sujidade.
Era já de tarde quando numa estrada perto de nós um gigante tombava. O sucedido foi divulgado no imediato e a escola ficou, por momentos, deserta. O gigante, imóvel, em instantes viu-se acossado por uma multidão de miudagem de galochas às cores que trepava ao seu flanco para da sua carga xarópica o despojar. Os adultos presentes, sem alternativa, presto se deixaram de interpôr. O gigante, ponto a ponto e num ápice, viu a sua côr clarear. Nova torrente de gente pequena agora de braços pesados , de regresso naquele fim de tarde se formou.
Foi mesmo o dia em que, ao longo de dois anos, se viu mais, e tantos sorrisos, traquinas alguns , presentes nas faces dos cachopos. A um refrescante tombar do camião com o pai natal, vestido de vermelho, se ficou tal dia de saque e brilho de alegria a dever.
 
embalado por Ricardo
ligação ao post ¤


0 comentários: