sábado, janeiro 06, 2007
Giz na mão esquerda, Giz na mão direita
Que figura era esta que tanto nos amedrontava?
Os momentos sucedem-se na vida e alguns marcam-nos sem dar-mos por isso, outros, mergulhos de tensão e incredulidade revelam-se diferentes.
Amedrontava porque perseguia com a sua garra de voz, descobria com um fitar fulminante, apontava e zunia a cana que tudo alcançava. Era gélida na entoação e branca num metro e oitenta. Soltava um gemido que em segundos crescia em rugido e a trovoada destes sucedia-se vezes a mais.
Todos os olhos ,tão abertos, a acompanhavam num medo comandante e o sonho não obedecia.
Ela toda era costas agora . Um Vê de dorso e um vê de saias partilhavam o mesmo vértice. Braços em riste. Todos os olhos. Um giz na mão esquerda. Um giz na mão direita. Parecia querer abraçar o quadro negro. Podíamos ver isto vezes sem conta, e sempre seria a primeira vez. Como um maestro ... ela, como magia ... as letras que nasciam entrelaçadas no fundo preto, em pontas opostas, e que corriam nas palavras ao encontro umas das outras em caligrafia irrepreensível. Todos os olhos encantados. Frase escrita e o movimento de fechar as cortinas acabado. O intervalo dos paus de giz no seu momento último não diferia de todos os outros intervalos entre as demais palavras.
Que figura era esta que tanto nos fascinava?
 
embalado por Ricardo
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1 comentários:


  • At 15 de janeiro de 2007 às 13:16, Anonymous Anónimo

    com que então também tu te apaixonaste pela escultural professora de religiao e moral do 5º ano... está explicado o fetiche por crucifixos e por nossas senhoras embaladas naquelas meias esferas que simulam nevar quando agitadas...