sábado, janeiro 27, 2007
Sem Sentido (V)

Rodopiou a chave na fechadura, fechando a porta atrás de si.
Arrastou-se até à sala, prostrando-se no conforto ténue do sofá.
A maratona do dia havia terminado; agradava-lhe sentir a sua própria pulsação, ouvir os seus próprios movimentos torácicos e a expiração em lufadas de ar.
Sentou-se, acendeu um cigarro e contemplou o seu próprio vazio.
E o sossego.
E o silencio.
Bastaram porém uns breves minutos para regressar ao seu estado de inquietação: pressentia que um corpo estranho o acompanhava no mesmo espaço. Foi então que se levantou sobressaltado e olhou em redor.

Um corpo balançava por cima de uma cadeira tombada, no epicentro da sala.
Do tecto pendia uma corda.
Da corda, pendia um corpo.
O seu.
Sem palavras, porque há muito que as havia perdido.

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3 comentários:


  • At 19 de fevereiro de 2007 às 14:29, Anonymous Anónimo

    Quererá dizer 'toráxicos'?
    Textos interessantes.

     
  • At 26 de fevereiro de 2007 às 19:28, Blogger Nuno

    Não, quer dizer mesmo "torácicos". Apesar da sua origem residir no "tórax", e considerando a hipótese de poder estar errado, creio que os movimentos se dizem "torácicos" e não "toráxicos".

    De qq forma, obrigado pelo apontamento. Abraço.

     
  • At 2 de março de 2007 às 04:02, Anonymous Anónimo

    Só!... Prostrado num tempo que espero seja curto e longo... Longo e curto... Olho à minha volta: nada!... Palavras rodopiam na minha cabeça... Sem sentido!... Palavras!... Lógica!... Tudo perdido!... As noites são mais longas do que os dias. Sem sentido!... E piores conselheiras. Palavras!... Tomara eu os sussurros da noite, onde os amantes trocam segredos!... Onde a pulsação e a expiração transpiram o suor das cumplicidades... E do amor... Nada! Jazia, não jazendo, só!, pendendo da corda da desesperança.