São três degraus que vão da cozinha para o quintal
Numa passagem estreita se passa duma zona obscura para a claridade do dia
Faz-se isto num gesto, num momento, quase imperceptível e sem peso no tempo
O ombro direito arranca a subida e as pernas repetem o movimento
A roupa algo murmura tantas vezes como os degraus
Terra e japoneiras são cheiros que vagueiam e sucedem ao da marmelada acabada de fazer
Pousam em mim raios de sol que da folhagem ondulante se conseguem esgueirar
E os olhos focam distâncias que vão de paredes próximas a cores floridas ao largo
Por um sonho, este instante surge prolongado
Em movimento arrastado, preso em lentidão
Ansiedade e medo envoltos de neblina criando imagens em turbilhão
Dez cavalos de nevoeiro cavalgam a meu lado nesta ascensão
O sentido inverso está no entanto de sonhos e memórias apagado
Ir lá para fora sempre foi mais apelativo, ainda por cima lambuzado
Sigo as linhas dessa escrita, inabalável, me surpreendo com o bom gosto e o blog no seu sentido mais preciso.
abraço